quarta-feira, 26 de março de 2014



A mulher na pré-história
Nem dominadoras, nem dominadas: a etíope Lucy, a brasileira Luzia e outras ancestrais nos revelam que as mulheres tinham papel importante nas primeiras sociedades humanas



Uma das mais conhecidas personagens da pré-história é a doce Lucy,a pequena fêmea de Australopithecus afarensis de 3 milhões de anos, descoberta na Etiópia em 1974. O esqueleto mais completo de Homo florensiensis – uma espécie humana fóssil que não alcançava mais de 1 metro de altura, descoberta na Indonésia em 2003 .











Não há muita coisa, no plano acadêmico, para ajustar o foco: nos manuais escolares, mesmo nos recentes, “a mulher não está presente senão em episódios raros e muito discretos. Ela não tem direito a uma só linha, seja para retratá-la, seja para descrever o que se pensa que foram as suas atividades”.
As iniciativas feministas, se fizeram as coisas se agitar um pouco, sofreram da falta de documentação objetiva sobre o assunto. “Por muito tempo, a mulher foi considerada arqueologicamente invisível”, observou a historiadora das ciências Claudine Cohen. 
Na tentativa de fornecer respostas, alguns autores se apoiaram sobre a etnologia – o estudo dos povos indígenas atuais – e por vezes sobre a simples lógica para dar uma nova vida à mulher pré-histórica. 
Assim, o corte da caça abatida e o transporte da carne, que não necessitavam de grande força física, foram considerados atividades femininas. Assim como a coleta (retirada de frutos, de mariscos...), essencial à subsistência do grupo, o artesanato e talvez até a arte. Mas a mulher permanecia acima de tudo como “a mãe”. 
“De início, não havia nem divisão sexual do trabalho nem especialização. Elas se desenvolveram pouco a pouco. As tarefas mais especificamente femininas eram a peleteria (tratamento das peles de animais), a costura, a manufatura de cestos e, mais tarde, a fabricação de potes de argila. Se o homem era o caçador e o artesão de suas ferramentas, a mulher se entregava à coleta e depois à agricultura”, estimou Myriam Philibert, doutora em pré-história, que acrescentou que “ter uma numerosa prole fazia da mulher favorecida pela sorte um ser excepcional no seio do clã”. 



Por Frédéric Belnet ( jornalista científico).

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